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O Agro e o Coronavírus

in Artigos, Coronavírus, Duquima

O novo Coronavírus (COVID-19) tem provocado muitos impactos na saúde, interação social, comércio e em diversos setores como o agronegócio, que é de suma importância para a manutenção da economia brasileira e para o abastecimento de estabelecimentos comerciais e da mesa da população.

Por ser uma doença altamente contagiosa e que pode levar à morte, o isolamento social e o fechamento de comércios e empresas de serviços não essenciais, foi recomendado pelas autoridades para diversos Estados.

Mundialmente falando, os impactos também estão sendo significativos, principalmente em países onde o surto da doença está mais agravado, como Itália e China, por exemplo. De acordo com levantamento realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a projeção de crescimento na economia mundial diminuiu 0,5% em função do novo Coronavírus.

Obviamente, o impacto global terá impacto direto em nossa economia nacional, principalmente em setores como o agro que depende de importações e exportações de produtos para sua engrenagem.

No Brasil, a economia já vem sofrendo um forte impacto, principalmente para os micro e pequenos empreendedores que estão se vendo obrigados a designar férias coletivas, reduzir salários e até mesmo demitir seus funcionários.

No setor do agronegócio, as restrições comerciais e o fechamento de fronteiras sempre foi um entrave para as operações, que é exatamente o que está acontecendo devido ao COVID-19. Confira a seguir os principais impactos desse surto para o setor:

IMPACTO NOS MERCADOS​

IMPACTO NOS MERCADOS​

Para avaliar os impactos e auxiliar no enfrentamento do setor diante dessa pandemia, propondo soluções para a continuidade do abastecimento de alimentos para os brasileiros, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou recentemente um boletim analisando os principais impactos da pandemia do Covid-19 sobre o agronegócio, tanto em relação aos mercados internacionais quanto em relação aos produtos.

Em relação aos mercados, a observação da CNA sobre a China em relação ao agronegócio foi de que não houve interrupções de importações de bens do setor, todavia muitas rotas marítimas foram canceladas, a fim de diminuir a disseminação do vírus entre os países. Com isso, o transporte internacional já está apresentando atrasos, o que pode prejudicar o abastecimento do país e prejudicar produções do Brasil.

Isso porque o setor de agronegócio é, atualmente, o que possui o maior potencial de exportação do Brasil para a China. A soja, a carne de frango e a bovina, o açúcar bruto, a celulose, o café e o farelo de soja lideram a lista dos itens com maior demanda por parte da China, e tal atraso pode impactar diretamente na demanda e no preço dos produtos.

Em paralelo, a demanda por alimentos, grãos e óleos cresceram durante o período de pico da doença no país, quando os chineses correram para os mercados, com aumento de 9,7% entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020. Em decorrência, as vendas de alimentos através de e-commerce cresceram.

 

IMPACTO NOS PRODUTOS

IMPACTO NOS PRODUTOS

Devido às dificuldades de locomoção dos produtos por conta da suspensão de rotas marítimas, as principais commodities agrícolas, como soja, milho e café apresentaram queda nos preços internacionais. Apesar disso, o preço alto do dólar nesse período de pandemia não impactou tanto os preços reais dessas commodities.

Já o mercado de bovinos está sofrendo mais impacto devido à queda de negociações e pressão dos frigoríficos que obrigaram a redução dos valores ofertados. Consequentemente, já está havendo a dispensa de funcionários, férias coletivas e redução de escala, o que tem forçado a elevação dos preços cobrados por parte dos frigoríficos.

Já no mercado de aves e suínos, a produção não foi interrompida, porém, a falta de demanda de estabelecimentos comerciais de food service, ou seja, restaurantes, lanchonetes, entre outros, diminuíram a compra desses alimentos. A queda sentida foi de 10% em média.

Em contrapartida, o varejo e atacado passaram a pedir mais por esses produtos para suprir o aumento da demanda por conta da quarentena. Em relação à exportação, a falta de contêineres disponíveis tem dificultado a venda para outros países.

Já as frutas e hortaliças tiveram uma demanda acrescida neste período, de 20% a 30%, principalmente nos primeiros dias de declaração de quarentena. A busca da população por esses alimentos aumentou consideravelmente.

O varejo representa grande parte da comercialização desses produtos, cerca de 53%. Em contramão, os pedidos dos comércios food service diminuiu consideravelmente devido ao decreto dos Estados para o fechamento de bares, restaurantes, lanchonetes, entre outros estabelecimentos. A expectativa é que esse setor continue sofrendo impactos ainda maiores, pelo menos até o fim do período de quarentena e de fechamento dos comércios.

CANCELAMENTO DE EVENTOS

CANCELAMENTO DE EVENTOS

Tecnoshow Comigo - Divulgação

Outro grande impacto sentido foi em relação ao cancelamento de importantes feiras e convenções do agro, que são as maiores oportunidades de divulgação e fechamento de negócios entre os produtores e compradores dos setores. Tais medidas foram tomadas devido à recomendação dos poderes públicos e da OMS a fim de evitar aglomerações de pessoas.

O principal cancelamento do Centro Oeste foi o da Tecnoshow, principal evento do agronegócio da região que aconteceria entre os dias 30 de março e 03 de abril, em Rio Verde-GO. Na edição de 2019 foram movimentados mais de R$ 3,4 bilhões em negócios com mais de 100 mil visitantes.

Outro destaque, a Agrishow de Ribeirão Preto-SP com datas para 27 de abril à 01 de maio, também teve cancelamento confirmado.

Tecnoshow Comigo - Divulgação

A expectativa de especialistas do setor sobre os impactos futuros advindos do COVID-19 ainda é bastante incerta. Ainda não se sabe os rumos que a doença irá tomar nos próximos meses e como o Governo irá reagir em relação às medidas a serem implementadas. Tais fatores podem influenciar positivamente ou continuar impactando negativamente no setor.

Apesar dessa incerteza, o secretário do Ministério da Agricultura, Orlando Leite, afirmou que o Coronavírus vai seguir impactando o comércio do agro por conta da rápida evolução da doença em nosso país.

Para mais esclarecimentos entre em contato com a equipe de consultores da Duquima Agronegócios.