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Milho – Versatilidade e Rentabilidade

in Artigos, Duquima

Origem do milho

Origem do milho

De acordo com um artigo publicado na revista Nature, existem registros do cultivo de milho datados de mais de 5000 anos a.C. Estes registros foram encontrados na região litoral do México próximo ao golfo do México.

Esta cultura serviu por muitos anos como base da alimentação dos grupos da região. Principalmente grandes grupos como os Astecas e os Maias, e até outros grupos indígenas de toda a América. Os próprios índios Guaranis brasileiros já cultivavam o milho e o tinham como base da sua dieta.

Durante o período das grandes navegações o milho passou a ser difundido por todo o globo.

Colonos ingleses encontram o milho indígena, em Massachusetts. Fonte: Seguindo os passos da história.

Uma curiosidade interessante sobre esta cultura é que, os nativos americanos, por vezes, plantavam milho, feijões e cucurbitáceas conjuntamente, formando sessões. Eles acreditavam que sua produtividade aumentava quando em conjunto e isso era devido ao espírito das três irmãs que viviam em cada uma destas plantas. Hoje, nós sabemos que esta produtividade realmente aumenta, devido à interação positiva entre as plantas acima citadas.

A cultura do milho no Brasil e no Mundo

A cultura do milho no Brasil e no Mundo

Mundialmente consumido, o milho é a cultura mais produzida em nosso planeta. Em 2020, foi responsável por cerca de 36,7% da produção agrícola mundial.

Já no Brasil, o milho é a segunda maior cultura produzida. Na safra de 2020/21 foram colhidas mais de 85,75 milhões de toneladas, o que foi cerca de 16,4% menor que na temporada anterior.

Os três maiores produtores de milho no mundo são em ordem, Estados Unidos, China e Brasil.

O sistema agroindustrial do milho

O sistema agroindustrial do milho

O complexo milho ou sistema agroindustrial do milho abrange diversos mercados e produtos finais como o mercado alimentício e farmacêutico.

Muito embora seu uso seja abrangente, a esmagadora maioria da sua produção é voltada para outros produtos da agropecuária, principalmente para a alimentação animal.

De acordo com a AGEITEC (Agência Embrapa de Informação e Tecnologia), o complexo milho pode ser dividido nos seguintes segmentos:

  • segmento de insumos para a produção agrícola;
  • produção agropecuária;
  • segmento de comercialização e armazenagem;
  • segmento industrial de primeiro processamento, englobando a indústria de rações para alimentação animal e de moagem (úmida e seca);
  • segmento industrial de segundo processamento (integrado ou não à do primeiro processamento): produção animal e outros produtos finais derivados do milho (snacks, cereais matinais, mistura para bolos, sopas, etc.);
  • segmento de distribuição para o consumidor final (atacado e varejo).

Tecnologias na produção do milho

Tecnologias na produção do milho

Apesar da produção média de milho brasileira não ser extremamente alta, tendo um total de 5.355 kg/ha, e em casos de lavouras com altíssima produtividade 18.000 kg/ha (enquanto nos EUA a média é de 11.000 kg/ha), a cultura já apresenta grande crescimento na produção, se comparado com os anos 90, onde a máxima produção não passava de 7.000 kg/ha.

Este aumento na produtividade ocorreu principalmente, graças à tecnologia no campo e aos programas de melhoramento genético.

Mas falar apenas “tecnologia no campo” e “programas de melhoramento genético” é um pouco amplo demais. Por isso vamos separar em alguns tópicos importantes:

  • Genética e melhoramento

Antes de começar a falar sobre qualquer melhoramento sofrido pelo milho nos últimos tempos, precisamos falar sobre a origem e a evolução desta espécie.

De acordo com o artigo da revista Science intitulado: “Multiproxy evidence highlights a complex evolutionary legacy of maize in South America” (Evidência multiproxy destaca um complexo legado evolutivo do milho na América do Sul), as plantas de milho cultivadas nas Américas eram de um tipo muito mais primitivo do que até então se acreditava.

Sabe-se que o teosinto é a planta selvagem que deu origem ao milho e começou a ser domesticado após os seres humanos pré-históricos o estourarem próximo à fogueira (como pipoca) e consumir. No estudo citado acima, foi descoberto que o milho difundido por todo o continente americano já apresentava algumas características diferentes do teosinto, mas ainda não era o milho completamente domesticado como eles acreditavam.

 

Fig. 4. Distribuição da evolução do milho nas Américas. Fonte: EMBRAPA.
 Distribuição da evolução do milho nas Américas. Fonte: EMBRAPA.

 

Um vídeo muito interessante sobre a domesticação do milho é: “Popped Secret: The Mysterious Origin of Corn”.

Quando se fala de melhoramento genético do milho, nós podemos ver a hibridização e a transgenia.

A hibridização teve início na primeira parte do século XX, mais precisamente no ano de 1939, com o primeiro híbrido duplo desenvolvido pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas). Este híbrido possibilitou um aumento de 100%, ou seja, o dobro, da produtividade em comparação com as cultivares plantadas na época.

A partir daí, as empresas começaram a investir nesta tecnologia para aumentar e melhorar ainda mais a produtividade de milho a campo.

No século XXI, outra tecnologia foi introduzida à cultura de milho. Os milhos transgênicos começaram a ser comercializados e utilizados como resistentes a pragas e herbicidas, facilitando em muito o cultivo da cultura tanto na primeira, quanto na segunda safra.

Desde então, o desenvolvimento de novas cultivares, cada vez mais produtivas e resistentes, vem acontecendo.

  • Ambiente e suas mudanças

Independentemente do quão alto é o potencial da cultura a ser cultivada, fatores como nutrição, água, luz, qualidades físicas do solo e outros são essenciais para o máximo aproveitamento deste potencial. 

Para que boas práticas de campo possam ser usadas de forma eficiente e a planta possa mostrar seu potencial genético é importante fazer um planejamento de campo e econômico, assim qualquer imprevisto negativo será evitado ou reduzido.

  • População de plantas

Sabemos que a redução do espaçamento entre as plantas na lavoura aumenta a produtividade por área. No entanto, para que isso possa ser ainda mais eficiente, hoje, programas de melhoramento vêm investindo em mudanças morfológicas nas plantas.

Ou seja, algumas das cultivares mais modernas de milho vêm apresentando folhas mais eretas, assim elas podem captar melhor a luz solar, mesmo em uma população mais densa.

Projeções para o milho em 2022

Projeções para o milho em 2022

A melhora da produção também deve ser refletida nas exportações brasileiras do cereal. A expectativa é que 32% do total produzido por aqui seja destinado à exportação.

O etanol de milho tem um aumento esperado na produção, estimando um crescimento no consumo brasileiro de até 74 milhões de toneladas. 

Os produtores têm motivos de sobra para ficarem animados com o ciclo de milho em 2022 no Brasil. A produção da safra 2021/22 deve ter um aumento de 33% em relação à produção da safra anterior. O destaque fica com a segunda safra de milho, que deve puxar para cima os números do ciclo e fazer com que o Brasil chegue a 117 milhões de toneladas de milho produzidas.