Entendendo o contexto

Antes de tudo, é preciso compreender qual é o contexto esperado para o ano de 2022 e que, em linhas gerais, causará impactos ao setor do agronegócio.

Primeiramente, trata-se de um ano eleitoral e o futuro da política fiscal torna-se incerto para o país. Essa realidade pode manter o real desvalorizado, elevando os custos e pressionando a inflação.

Apesar de ser uma boa oportunidade para as exportações, o consumo doméstico tende a sofrer impactos negativos.

O estudo do Rabobank “Perspectivas para o Agronegócio 2022”, apresenta uma projeção de 4,3% de inflação em 2022, com a taxa Selic chegando a 10,5% a ano, ainda no primeiro semestre.

Com isso, apesar da soja ter a previsão de colheita recorde na safra 2021/22, a oferta e demanda corre num ritmo desacelerado, inclusive da China que é um dos maiores exportadores do produto.

Em se tratando do milho, a recomposição está ainda mais lenta que a soja, apesar de uma expectativa de produção maior pelos EUA.

Logo, a situação macroeconômica do país, bem como os efeitos da seca e outros estresses ambientais devem ser considerados pelo produtor agropecuário nessa virada de ano.

O que esperar para o agronegócio em 2022

De acordo com o Rabobank, em seu relatório, os preços serão atraentes para o agronegócio em 2022, diante de um cenário de retomada da economia e aquecimento da demanda internacional.

Também como consequência do surgimento de diversas soluções digitais para o setor, projeta-se um cenário otimista para 2022, com o crescimento do PIB de produtos como arroz, milho, soja, além da geração de empregos e o possível retorno dos eventos presenciais que continua sendo de grande valor para a cadeia do agronegócio.

Entretanto, ainda existe uma incerteza em meio a esse processo, que surge como consequência da falta de peças e componentes para a indústria de máquinas e implementos agrícolas.

A verdade é que o setor agro não parou nesse período de pandemia, fazendo com que a demanda se apertasse e os preços subissem consideravelmente.

Nessa retomada global, é importante priorizar compras antecipadas, nas quais os preços podem ser mais atrativos e as entregas mais rápidas.

Projeções para soja

O Brasil continua sendo o segundo maior produtor e exportador de soja do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, além de ser a soja o principal produto do agronegócio brasileiro.

Conforme as projeções do Outlook Brasil, com o aquecimento da demanda internacional, as exportações brasileiras devem atingir 46 milhões de toneladas, que representam 41% do comércio mundial de soja.

Assim, estima-se uma produção de soja de 96,9 milhões de toneladas para atender tanto às demandas externas, quanto às internas, em 2021/2022.

Assim como já mencionado, a soja tem previsão de recorde de colheita na safra 2021/22, alcançando resultados promissores nos EUA, porém a China ainda apresenta baixa demanda, o que causa incerteza para a exportação dos grãos.

A desvalorização do real é que deve ser um fator bem aproveitado para a exportação da soja, apesar da expansão do mercado internacional ainda está caminhando a passos lentos nessa retomada.

Leia também: A importância da soja no Brasil

Projeções para o milho

Espera-se que a China compre 26 milhões de toneladas de milho dos EUA e a safra brasileira deve ter um crescimento de 5%, alcançando uma produção de 116 toneladas, 37 milhões acima do que na safra anterior.

Ainda com base nas projeções do Outlook Brasil, os números indicam um crescimento mais lento de área plantada, atingindo 9,1 milhões de hectares em 2021/2022, valores menores que no ano passado.

No caso do consumo doméstico de milho esperado para 2021/2022, projeta-se 68,8 milhões de toneladas e as exportações líquidas devem chegar a 11 milhões de toneladas.

A demanda interna, concentrada na fabricação de ração animal, deve representar 73,8% da produção total de milho.

Desafios para o agronegócio em 2022

O estudo Rabobank ainda determina que o agronegócio brasileiro precisa superar alguns desafios para alcançar as boas projeções esperadas para 2022.

Dentre eles, está o aumento de custos mediante o preço do dólar. Sabe-se que o aumento do dólar, impacta diretamente na inflação, que mexe com o bolso do povo brasileiro.

Nesse contexto, os hábitos de compra da população mudam, devido os preços mais altos dos insumos agrícolas. Outro grande desafio é o aumento na taxa Selic que deve atingir 10,5% ainda no primeiro trimestre de 2022.

Este fator influencia no aumento do custo de capitalização dos produtores, além de causar um desaquecimento da economia e redução da demanda no mercado interno.

Vale considerar também as incertezas em relação aos fornecimentos de insumos, como os fertilizantes, por exemplo, mediante as questões geopolíticas no mundo e dificuldades na cadeia logística.

Em meio a tantos desafios, as margens tornam-se espremidas para o agronegócio em 2022.

Portanto, é importante obter um diagnóstico bem determinado da situação financeira e definir quais são as prioridades a serem investidas, garantindo a proteção do caixa interno.

É preciso entrar no próximo ano com boas perspectivas, mas, ao mesmo tempo, os pés firmes no chão, a partir de condições concretas de sustentar o negócio no decorrer do tempo.

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